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Procurado por O INFORMANTE (JP Online), o professor Ronaldo Carmona, da Escola Superior de Guerra (ESG), avaliou como ‘gravíssimo’ o relatório da U.S. Network for Democracy in Brazil, que recomenda ao novo presidente americano, Joe Biden, rever o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) entre Brasil e Estados Unidos, aprovado pelo Congresso Nacional em 2019, que viabiliza o uso civil e comercial do Centro de Lançamentos de Alcântara (CLA). Carmona classifica a entidade como obscura e afirma que ela mistura ‘alhos com bugalhos’.

“Novamente o tema quilombola é utilizado como pretexto para bloquear o desenvolvimento do Programa Espacial brasileiro, e, nesse contexto, o próprio desenvolvimento da cidade de Alcântara com seus habitantes, objeto precípuo do Plano de Desenvolvimento Integral (PDI) de Alcântara, atualmente em elaboração por uma comissão interministerial, com a participação de atores diversos do Maranhão”, disse o professor Carmona, que leciona no Mestrado em Engenharia Aeroespacial da Universidade Federal do Maranhão (Ufma),

Segundo Ronaldo Carmona, “trata-se de uma ‘guerra de informações’ na qual o ‘pretexto quilombola’ entra como uma luva para objetivos geopolíticos inconfessos. O Programa Espacial, que por definição é dual, é instrumento de Poder Nacional, a começar do científico e tecnológico. Isso que se objetiva, antes que nada, bloquear”.

Especificamente quanto à população da Zona Rural de Alcântara, uma das regiões com menor IDH do país, afirmou o professor que o que se pretende é justamente articular um conjunto de ações, arramadas no mencionado PDI, para tirá-los do ‘século XIX’, provendo educação de maior qualidade, atendimento médico universal, rede de saneamento e água potável, além de qualificação profissional visando que os alcantarenses capturem as oportunidades surgidas com o desenvolvimento do CLA. “Isso sim é trabalhar pelo direitos humanos dos quilombolas”, enfatizou.

“O risco da administração Biden ‘comprar essa pauta’ é latente, por objetivos estratégicos que vão além daqueles que se vê na aparência. O novo governo americano, aliás, abriga no seu ministério, inclusive, uma deputada democrata que fez campanha contra a aprovação do AST. Ela foi eleita por um estado que abriga um decadente centro de lançamentos, o Roswell Space Center, que concorre diretamente com Alcântara”, destacou Ronaldo Carmona, para finalizar: “Por isso a urgência dos brasileiros, novamente, em descontruir estes mitos, que, repetidos à exaustão, tornam-se verdade”.