-->

Por: Prof. Dr. Roberto Serra – Diretor Executivo da Agência Marandu de Inovação e Empreendedorismo da Uema

Há cerca de 10 anos, a Universidade Estadual do Maranhão questionou-se: “Como diversificar as fontes de financiamento da Uema e reduzir a dependência dos recursos do tesouro estadual, tão suscetíveis a contingenciamentos e remanejamentos?” Essa reflexão nos levou a compreender que o ativo mais valioso da Universidade era o conhecimento científico e tecnológico que geramos. Qual seria a ação mais significativa gerada pela Academia? E, do ponto de vista externo, o que poderia ser mais valioso para a sociedade ou o mercado do que receber soluções eficazes para seus problemas, vindas de uma Universidade? Como, então, mobilizar as forças necessárias para estruturar essas competências em termos organizacionais?

As respostas a essas questões culminaram na criação da Agência de Inovação e Empreendedorismo da Uema, chamada Marandu. Resgatando a força dos povos originários e contrastando com o anglicismo predominante nesse universo, optamos pelo idioma Guarani para ampliar o significado dos termos – novidade, notícia, originalidade – e associá-los ao binômio inovação e empreendedorismo. A Agência Marandu nasceu com o propósito de oferecer à sociedade e ao mercado a possibilidade de se beneficiarem da aplicação direta dos diversos conhecimentos produzidos na Uema.

Existem dois caminhos para que isso ocorra, e a jornada por eles define todos os esforços e a razão de ser da Agência Marandu ao longo de sua existência. O primeiro caminho envolve o alinhamento das pesquisas científicas e tecnológicas desenvolvidas na Uema com os interesses ou necessidades da sociedade e dos setores produtivos. Seja por interesse particular de um pesquisador ou por indução externa, sempre que isso ocorre, concentramos esforços na transformação de alguma realidade. As descobertas ou criações resultantes desse processo podem, com ou sem proteção intelectual, por meio de contratos de transferência de tecnologia ou Know-How, alcançar e transformar uma realidade específica.

Paralelamente, o segundo caminho nos leva aos diferentes domínios de conhecimento presentes na Universidade. Esses saberes, como se estivessem em processo de ebulição, são transformados em inúmeras iniciativas de empreendedorismo inovador. Nesse contexto, o conhecimento científico e tecnológico é a base da ação empreendedora. Daí surgem as spin-offs e startups, que coexistem e enriquecem o ambiente de hélices múltiplas para o desenvolvimento socioeconômico da sociedade, dinamizando o mercado para além dos negócios tradicionais.

A Uema já se destaca como um celeiro de empreendedorismo inovador, com iniciativas como a “Macarbon”, que promove a sustentabilidade no campo através de projetos de sequestro de carbono a partir da integração lavoura-pecuária-floresta; a “Biotechbi”, que realiza controle biológico de pragas, especialmente no coco d’água, garantindo lavouras livres de inseticidas químicos; e a “Palmtech”, que remunera comunidades locais pela confecção de mantas biodegradáveis para a recuperação de áreas degradadas, promovendo impacto socioeconômico e ambiental. Além disso, a “i-EDUCAM”, utilizando a tecnologia como ponte para uma educação ambiental transformadora; a “Gamezônia”, ensinando conteúdos do ensino fundamental de forma lúdica e multidisciplinar; a “Miniverso”, utilizando realidade aumentada para substituir a presencialidade por cenários simulados em projetos; e a “Ingenious”, desenvolvendo soluções assistivas integradas para pessoas com deficiência e da terceira idade. Essas e outras iniciativas em desenvolvimento estão remodelando o cenário acadêmico e assumindo protagonismo no ecossistema de inovação, contribuindo para o desenvolvimento do Estado do Maranhão.

Para essa revolução silenciosa, a Marandu existe!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *