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Os princípios que norteiam a profissão de farmacêutico como a honestidade, a caridade, além de honrar a ciência, fizeram parte da trajetória da Dra. Terezinha Rêgo.

O seu legado inspirou gerações de farmacêuticos, por mais de cinco décadas dedicadas à flora medicinal maranhense.

O presidente do Conselho Regional de Farmácia do Maranhão, Dr. Luiz Fernando Ramos Ferreira, ao homenagear Dra. Terezinha Rêgo, comenta que a conheceu em 1993, por meio de uma palestra, e desde então, encantou-se pela profissão.

“Desde o meu primeiro dia na faculdade, foi responsável em alimentar esse desejo de sempre ajudar e cuidar das pessoas, porque era este o seu exemplo e a gente convivia diariamente com isso. Hoje, a professora Terezinha Rego não está mais aqui conosco, mas o legado deixado nas suas pesquisas, nas suas ações humanitárias, na forma como ela lidava com as pessoas, é deixado como exemplo para todos nós.”

A Conselheira Federal pelo Estado do Maranhão, Dra Gizelli Santos Lourenço, ressalta que a pesquisadora levou o “alívio” e a “cura” para muitas pessoas, principalmente, as em situação de vulnerabilidade social, por meio do seu trabalho com plantas medicinais.

“Ela foi professora e mestre de muitos. Além disso, conseguiu no nosso estado trabalhar com plantas medicinais, onde levou alívio e cura para várias pessoas, desde pessoas muito carentes a pessoas que tinham condições. Era uma farmacêutica que cuidou, assim como nós prometemos no nosso juramento, cuidou e aliviou os males de muita gente. A ela nossos sinceros agradecimentos, nosso reconhecimento, nosso respeito e consideração e o nossa muito obrigada por esse enorme legado deixado aqui em nosso estado.”

Coordenadora Estadual do Programa Farmácia Viva Hortos Terapêuticos do Maranhão e Presidente do Grupo de Trabalho Farmácias Vivas e Jardins Terapêuticos para Todos do CRF-MA, a Dra. Kallyne Bezerra tem a missão de disseminar os conhecimentos da Dra Terezinha, que em um determinado momento da trajetória disse-lhe: “Agora, vai ser preparada por mim para quando eu não mais puder exercer a profissão, eu passar essa história para você.”

“Então, é uma história muito bonita que a gente viveu durante 30 anos, onde eu perseverei nesse sentimento, nesse respeito, nessa dedicação a aprender sobre as plantas medicinais. Mas, principalmente em colher todos os frutos que a professora (Terezinha Rêgo) passava para mim. Então a minha gratidão a ela é imensa, porque se hoje eu sou farmacêutica, se hoje eu exerço a profissão na área de plantas medicinais, fitoterápicos, é porque ela me ensinou. Então ela é o grande amor profissional da vida, é a minha maior inspiração e foi a pessoa que me ensinou tudo o que eu sei hoje na área que eu existo.”

BIOGRAFIA

Terezinha de Jesus Almeida Silva Rêgo nasceu em 5 de fevereiro de 1933, em São Luís, capital do Maranhão.

Foi na infância que Terezinha começou a desenvolver o gosto pelas ciências e pelas plantas, quando estudava o Primário e do Ginásio no Colégio Rosa Castro. Os estudos secundaristas foram feitos no Liceu Maranhense.

Em 1955, ingressou no curso de graduação em Farmácia e Bioquímica (instituição isolada federal que passaria a integrar a Universidade Federal do Maranhão, criada em 1966), tendo se formado em 1957.

Durante a faculdade, foi professora de Botânica dos principais colégios maranhenses (Rosa Castro, Liceu Maranhense e Santa Teresa).

Em 1959, cursou doutorado em Botânica Geral na Universidade de São Paulo (USP), retornando em 1965 para São Luís.

Após três anos, a pesquisadora alcançou o título de livre-docente em Botânica Geral após três anos na Universidade de São Paulo (USP), como bolsista da Capes, tendo concluído sua tese “Contribuição do reconhecimento morfológico e anatômico de Tagetes minuta L” em 1977, a qual foi defendida na Universidade Federal do Maranhão, tornando-se professora do Departamento de Farmácia da Universidade.

Entre seus principais trabalhos, estão três medicamentos fitoterápicos: Essência de Cabacinha, o Xarope de Urucum e a Tintura de Assa-Peixe. Fruto do trabalho de 20 anos de pesquisa, A Essência de Cabacinha foi utilizada para tratamento de sinusite, rinite e problemas na adenoide por meio da infusão do fruto da cabacinha em álcool. Também realizou pesquisas sobre a chanana, uma flor amarela que tem uma substância energética que pode ser utilizada pra melhora do sistema imunológico, tendo seu componente sido usado no tratamento do câncer no Hospital Aldenora Bello, em São Luís.

Em 1983, teve um trabalho premiado no Congresso de Etnobotânica de Córdoba, na Espanha, por sua pesquisa junto aos indígenas canelas, após passar vários dias na aldeia no final dos anos 1970, selecionando e classificando 75 plantas que eram utilizadas para uso medicinal. O trabalho foi publicado pela Sociedade Botânica do Brasil.

Foram várias as homenagens à professora, uma delas, destaca-se a sessão especial de homenagem do Senado Federal pela saúde da população carente e formação de novos farmacêuticos.

Terezinha faleceu aos 91 anos em São Luís, no dia 3 de maio de 2024, por insuficiência respiratória após contrair uma pneumonia.

Ela estava internada em estado grave em um hospital particular da capital havia uma semana após cair e bater a cabeça.

A professora foi casada por mais de 56 anos com o cirurgião-dentista piauiense Artur Nunes do Rêgo, com quem teve duas filhas, Tânia Maria Silva Rêgo, professora e doutoranda em música, e Telma Maria Silva Rêgo, professora de filosofia.

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