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Faleceu na madrugada deste sábado, 29, em São Paulo, o lendário Rui Chapéu, 76 anos. Maior nome da sinuca brasileira.

Rui Chapéu passou mal, com falta de ar, por volta de 1 da manhã, no apartamento da sua filha, na capital paulista, sendo levado para um hospital onde exames constataram água no pulmão. Às 4h, o sinuquista sofreu uma parada cardíaca fulminante e não resistiu.

O corpo ainda se encontra no hospital.

Natural de Itabuna, na Bahia, em 1940, José Rui de Mattos Amorim ficou nacionalmente conhecido entre as décadas de 1980 e 1990 por exibir seu enorme talento na sinuca nas edições semanais do programa “Show do Esporte”, da Rede Bandeirantes, comandado pelo narrador Luciano Do Valle.

Além de popularizar de vez a sinuca no País, Rui Chapéu foi responsável por mudar a imagem do esporte, antes visto como exclusivo de malandros e vagabundos.

Em entrevista concedida ao UOL Esporte em 2014, Rui Chapéu conta que começou a jogar sinuca ainda criança, no interior da Bahia. No entanto, só começou a ganhar a vida com isso na década de 1970, quando se mudou para São Paulo e largou o emprego de caminhoneiro e vendeu uma mercearia que era dono.

Durante uma partida em um bar, pessoas ficaram impressionadas com o talento dele e o aconselharam a jogar no centro da cidade. Lá, chegou a clubes da modalidade. As partidas, no entanto, duravam pouquíssimos minutos, dado o alto nível dos atletas.

“Depois de um tempo fiquei no topo, ninguém mais jogava comigo mano a mano. Tinha que ter uma lambuja”, contou.

TELEVISÃO – Após participar de um programa de Silvio Luiz, na TV Record, em 1979, Rui Chapéu fechou parceria com Luciano Do Valle e passou a fazer desafios no “Show do Esporte”. Um dos mais famosos foi a vitória sobre o inglês Steve Davis, conhecido como Pelé da modalidade e seis vezes campeão mundial. “Ele veio várias vezes aqui e perdi mais do que ganhei. Mas ganhei uma vez de 6 a 1”.

Após o fim do “Show do Esporte”, Rui disse que recusou propostas para trabalhar na Inglaterra e também no Japão. “Nunca tive intenção de ser rico. Eu quero dinheiro para trocar meu carro, comprar minha roupa, ir para Bahia, mas não para ficar milionário. Tem cara que troca a vida dele e até a fé do cara lá de cima. Eu não faço isso”.

Atualmente, ele vivia de apresentações especiais, e só antes delas (ou depois) é que arriscava algumas tacadas. Quanto às boinas brancas, ele as manda fazer sob medida em um alfaiate. Geralmente, encomenda cerca de uma dúzia no começo do ano.

EM SÃO LUÍS – Convidado pela Federação Maranhense de Bilhar e Sinuca, presidida pelo jornalista e sinuquista Lourival Bogéa, Rui Chapéu esteve em São Luís, como convidado, em alguns eventos nacionais aqui realizados, um deles – Campeonato Brasileiro , em 2012 – no Shopping da Ilha. Ano passado abrilhantou o Norte-Nordeste realizado em Floriano, no Piauí. Foi um dos maiores incentivadores da sinuca no Brasil. O esporte está de luto com a perda de Rui Chapéu.