-->

O endurecimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao Banco Central e ao mercado financeiro foi visto como necessário por parcela do governo, mas, para aliados do chefe da nação, já estaria ultrapassando o tom necessário.

Presidente Lula em cerimônia de posse da presidente da Petrobras, Magda Chambriard – Eduardo Anizelli/Folhapress

Lula estaria adotando uma tática sindicalista para tratar do assunto: falar alto em público para depois sentar à mesa e negociar as melhores conquistas com os menores custos possíveis.
De acordo com integrantes do governo, a tática funciona para disputas entre patrões e empregados, mas, com o mercado financeiro, ela teria que ser ajustada.
Isso porque o mercado tem a possibilidade de reagir, especular e deteriorar as condições da economia —enfraquecendo, portanto, a posição do governo.
Na sexta, 28, o dólar fechou em R$ 5,59, e a subida no preço da moeda americana foi creditada não exclusivamente às falas de Lula, mas também a elas.
O mais inteligente seria usar falas mais suaves que acalmassem o mercado —mas sem ceder, na prática, no que considera essencial. Ou seja, o presidente não deveria repetir o tempo todo que não vai fazer nada do que o mercado financeiro quer.
Os críticos internos das falas recentes de Lula, no entanto, reconhecem a dificuldade de ele fazer isso em entrevistas, que são vistas não apenas pelo mercado, mas pelo público geral, para o qual o presidente também precisa passar as suas mensagens.
O presidente tem repetido que não vai ceder em pontos centrais de sua política econômica e social, rechaçando de forma peremptória alterações no cálculo de reajuste do salário mínimo, das aposentadorias, do BPC e nas vinculações do piso de educação e saúde ao crescimento da receita. (Com Mônica Bergamo – Folha).

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *