Alexandre Nardoni, abriu uma microempresa individual (MEI) nesta quinta-feira (6), exatamente 30 dias após sua progressão para o regime aberto, conforme exigência judicial para comprovar uma ocupação profissional. Ele terá um salário mensal de R$ 2,5 mil e trabalhará como promotor de vendas na construtora de seu pai, com expediente reduzido às sextas-feiras.
A abertura do MEI é parte das condições impostas pela Justiça para que Nardoni possa cumprir o restante da pena de 30 anos pela morte da filha Isabella fora da prisão. O contrato de trabalho firmado entre a microempresa de Nardoni e a construtora do pai, localizada no bairro de Santana, zona norte de São Paulo, foi apresentado à Justiça pela defesa.
Segundo o contrato, Nardoni atuará tanto presencialmente quanto remotamente na promoção de vendas de apartamentos novos e usados e na supervisão de obras novas ou concluídas pela construtora do pai. Sua jornada de trabalho será de segunda a quinta-feira, das 8h às 18h, e nas sextas-feiras, das 8h às 17h, para adequar-se ao funcionamento do escritório. Anna Carolina Jatobá, sua esposa, foi testemunha do documento firmado.
Alexandre Nardoni foi solto no dia 6 de maio após a Justiça conceder sua progressão para o regime aberto. Ele deverá residir na casa do pai, na zona norte de São Paulo, junto com a família. Roberto Podval, advogado de Nardoni, elogiou a decisão da Justiça, destacando a importância da reabilitação.
A decisão foi tomada pelo juiz José Loureiro Sobrinho, de São José dos Campos, que considerou a boa conduta carcerária de Nardoni, a definição de sua situação processual, o cumprimento de mais da metade da pena e a regularidade nas saídas temporárias como fatores determinantes. O Ministério Público de São Paulo (MPSP) havia solicitado um exame criminológico e o teste de Rorschach para comprovar a aptidão de Nardoni para a liberdade, mas o juiz entendeu que os requisitos legais estavam cumpridos.
Relembre o caso
Nardoni foi condenado pelo assassinato de sua filha Isabella, de 5 anos, em 2008. Ele foi sentenciado a 30 anos de prisão após ser considerado culpado em um júri popular dois anos depois. Durante seu tempo na Penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, em Tremembé, conhecida como a “Cadeia dos Famosos”, Nardoni passou por avaliações multidisciplinares que atestaram sua lucidez, cooperação e ausência de contraindicação psiquiátrica para a progressão penal.
A defesa de Nardoni apresentou pedido de progressão de regime em abril de 2024. Durante as entrevistas para avaliação, Nardoni falou sobre sua infância, o crime e a vida na prisão. Ele mantém um relacionamento com Anna Carolina Jatobá, também condenada pelo homicídio, com quem tem dois filhos. Os jovens, de 16 e 19 anos, faziam visitas esporádicas na prisão e se encontravam com o pai durante as saídas temporárias.
Apesar de Carolina Jatobá cumprir pena em regime aberto e não visitá-lo na prisão, o casal mantinha contato regular por cartas semanais. Durante as saídas temporárias, Nardoni aproveitava o tempo em família, o que ele relatou ter sido um importante apoio para sua reintegração social.