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A Operação 18 Minutos, conduzida pela Polícia Federal, revelou novos desdobramentos sobre um suposto esquema de ocultação de valores ligados a decisões judiciais suspeitas. O relatório da PF detalha a participação de Alderico Jefferson Abreu da Silva Campos e Frederico de Abreu Silva Campos em movimentações financeiras que teriam como origem o levantamento de um alvará judicial no valor de R$ 14 milhões.

Os dois são filhos de Flávio Henrique Silva Campos, ex-assessor do ex-deputado federal Edilázio Júnior na Assembleia Legislativa do Maranhão. O relatório da investigação aponta indícios de lavagem de dinheiro e organização criminosa, além de uma estrutura voltada para a fragmentação e ocultação de valores obtidos a partir do alvará.

Alderico Jefferson e a ocultação de valores recebidos pelo pai – De acordo com a Polícia Federal, Alderico Jefferson Campos teria recebido R$ 400 mil transferidos por seu pai em 2015, fracionados em duas movimentações bancárias de R$ 200 mil cada. O montante fazia parte de uma transferência maior de R$ 1,5 milhão, que teria sido direcionada a Flávio Henrique Campos a partir dos R$ 14 milhões liberados pelo alvará judicial.

Durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão em sua residência, foram encontrados R$ 36.560,00 e U$ 3.000,00 em espécie, além de bolsas de luxo, que permaneceram sob a posse de sua esposa, como fiel depositária. Quatro veículos de alto padrão também foram apreendidos na garagem do imóvel, registrados em nome de terceiros, levantando suspeitas sobre possível ocultação patrimonial.

A investigação sugere que Alderico Jefferson participou do processo de ocultação dos valores indevidos recebidos por seu pai, por meio da fragmentação dos montantes e da transferência de parte do dinheiro a terceiros.

Frederico Campos e o suposto esquema dentro do Maranhão Advogados Associados – O relatório da Polícia Federal também aponta a participação de Frederico de Abreu Silva Campos no esquema ligado ao levantamento do alvará judicial de R$ 14 milhões. Ele era advogado do escritório Maranhão Advogados Associados, que atuava na execução de um título extrajudicial em favor de Francisco Xavier, parte envolvida no processo contra o Banco do Nordeste (BNB).

Segundo a investigação, Frederico Campos recebeu R$ 180 mil de Flávio Henrique Campos no mesmo período em que o valor do alvará foi liberado. O dinheiro foi repassado por meio de cheques ORPAG, utilizados para fragmentar e dificultar o rastreamento da origem dos valores.

Além disso, o relatório cita que Frederico Campos teria contratado o advogado Gustavo Vilas Boas, beneficiado com R$ 10 mil provenientes do alvará judicial. Gustavo teria sido chamado para atuar na exceção de incompetência do processo nº 49754/2015, ligado ao Banco do Nordeste.

Outro ponto levantado pela investigação é a suposta utilização de um motorista do escritório, Eduardo Rodrygo, como “laranja” para sacar R$ 400 mil em espécie. A PF destaca que essa movimentação financeira indica uma tentativa de ocultação patrimonial e reforça a participação de Frederico Campos na estrutura financeira da organização criminosa investigada.

Desdobramentos e próximos passos da investigação –  O relatório final da Operação 18 Minutos já foi encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e está sob a relatoria do ministro João Otávio de Noronha. A partir das provas reunidas pela Polícia Federal, o STJ poderá decidir sobre o oferecimento de denúncia formal contra os envolvidos ou determinar novas diligências para aprofundamento da investigação.

Até o momento, os citados não se manifestaram sobre as acusações. As defesas devem apresentar seus argumentos nos próximos dias, enquanto a Procuradoria-Geral da República analisa os próximos passos do processo.

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