Alvo de críticas da cúpula do Congresso Nacional, a atuação de partidos políticos no Supremo Tribunal Federal (STF) vem ganhando destaque nos últimos anos.

Entre 2019 e 2025, legendas partidárias protocolaram 723 ações de controle constitucional na Corte, o equivalente a 28,4% do total de 2.542 processos apresentados com o objetivo de questionar leis, regulamentos ou omissões legislativas.

Os dados, extraídos da base oficial do STF, incluem os quatro principais tipos de ações de controle de constitucionalidade — como Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) e Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF).

A maior parte das ações foi protocolada por partidos de esquerda, que têm liderado esse tipo de iniciativa judicial no período analisado.

PARTIDOS QUE MAIS ACIONARAM O STF (2019–2025):

  • Rede Sustentabilidade – 113 ações
  • PT (Partido dos Trabalhadores) – 103
  • PDT (Partido Democrático Trabalhista) – 102
  • PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) – 102
  • PSB (Partido Socialista Brasileiro) – 93
  • Partido Verde (PV) – 60
  • PCdoB (Partido Comunista do Brasil) – 53
  • Solidariedade – 45
  • Novo – 32
  • Progressistas (PP) – 27

Além dos partidos políticos, também têm legitimidade para ingressar com ações desse tipo o presidente da República, governadores de estado, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), confederações sindicais e entidades de classe de atuação nacional.

O direito de propor essas ações está previsto na Constituição e permite que diferentes setores da sociedade — inclusive movimentos sociais — se posicionem judicialmente sobre temas relevantes para o país.

ALCOLUMBRE QUER LIMITAR ACESSO AO STF

A recorrente judicialização da política tem provocado reações entre os parlamentares.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), anunciou que está articulando um projeto para alterar quem pode apresentar ações de controle constitucional ao STF.

A ideia é restringir o acesso de partidos, sindicatos e entidades ao tribunal, sob a justificativa de evitar tensões entre os Poderes.

A reação do senador ocorre em meio ao desgaste recente entre Legislativo e Executivo após a derrubada, pelo Congresso, de um decreto do presidente Lula que aumentava a alíquota do IOF sobre operações financeiras.

O governo recorreu ao STF para tentar reverter a decisão parlamentar, o que agravou o clima de tensão entre os Poderes.

TEMAS RECORRENTES NAS AÇÕES PARTIDÁRIAS

As ações movidas por partidos políticos ao STF, em sua maioria, têm buscado garantir o cumprimento da Constituição em diversos temas sensíveis — muitos deles marcados por divergências ideológicas. Entre os principais casos que chegaram à Corte nos últimos anos estão:

  • Ações policiais em favelas do Rio de Janeiro;
  • O julgamento do marco temporal das terras indígenas;
  • A descriminalização do aborto;
  • A regularidade na execução das emendas parlamentares;
  • O impasse jurídico sobre o decreto presidencial que alterou o IOF.

Esses processos colocam em debate questões centrais da sociedade brasileira e evidenciam o papel cada vez mais decisivo do Supremo Tribunal Federal nas disputas políticas, sociais e institucionais do país.


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