Em resposta ao bombardeio norte-americano contra instalações nucleares em seu território, o Parlamento do Irã aprovou o fechamento do Estreito de Ormuz, uma das rotas marítimas mais estratégicas do mundo.
A medida, que ainda depende do aval do Conselho Supremo de Segurança Nacional e do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, pode ter impacto imediato no mercado global de energia.
O Estreito de Ormuz é responsável pelo trânsito de cerca de 20% de todo o petróleo comercializado mundialmente.
Localizado entre o Irã e Omã, ele conecta o Golfo Pérsico ao Mar da Arábia e é considerado uma “artéria” vital para o transporte de petróleo e gás natural, sobretudo das nações da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), como Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque.
A aprovação do bloqueio é vista como retaliação direta ao ataque ordenado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra três instalações nucleares iranianas — Fordow, Natanz e Esfahan — realizado no sábado (21).
A decisão iraniana acende o alerta para um possível colapso no fornecimento energético mundial.
O estreito é monitorado pela 5ª Frota da Marinha dos EUA, baseada no Bahrein, responsável por garantir a segurança da navegação comercial na região.
O fechamento da rota já causa forte impacto no mercado. Desde o início do conflito entre Irã e Israel, que envolveu os EUA, os preços do petróleo dispararam.
No acumulado entre os dias 12 e 19 de junho, o barril tipo Brent, referência internacional, saltou de US$ 69,36 para US$ 78,74 — alta de 13,5%. Já o WTI, referência nos Estados Unidos, subiu de US$ 66,64 para US$ 73,88, um avanço de 10,9%.
Logo nos primeiros dias da ofensiva, o mercado registrou um dos maiores picos intradiários de preços desde 2022, quando a invasão da Ucrânia pela Rússia gerou uma crise energética global.
Analistas do JPMorgan avaliam que, em um cenário extremo de bloqueio total do Estreito ou de retaliações mais severas dos países produtores, o preço do barril pode ultrapassar a marca de US$ 120 e chegar até US$ 130.
Navios petroleiros que operam na região já foram orientados por agências marítimas a redobrar a cautela.
Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, conscientes da vulnerabilidade da rota, têm buscado rotas alternativas para escoar sua produção.
Contudo, a maior parte do petróleo e do gás natural liquefeito do Catar, por exemplo, ainda depende totalmente do Estreito de Ormuz para ser exportado.
O Irã já ameaçou fechar o estreito em diversas ocasiões, mas nunca levou a ameaça adiante.
Em 2019, por exemplo, o bloqueio foi cogitado após Donald Trump retirar os EUA do acordo nuclear com o país.
Agora, com a retomada do conflito e a ofensiva militar americana, a ameaça toma contornos mais concretos e eleva as tensões em um dos pontos mais sensíveis da geopolítica global.