O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, afirmou neste domingo (22) que os Estados Unidos “cruzaram uma linha vermelha muito grande” ao bombardear instalações nucleares iranianas, em ofensiva confirmada pelo presidente americano Donald Trump no sábado (21).

Durante uma coletiva de imprensa realizada em Istambul, Araqchi classificou os ataques como uma “grave violação da Carta das Nações Unidas e do direito internacional” e anunciou que o Irã convocou uma reunião de emergência no Conselho de Segurança da ONU.

“A diplomacia foi traída. Não faz sentido pedirem ao Irã que retome o diálogo neste momento. Reservamos todas as opções possíveis para defender nossa soberania e segurança nacional”, declarou o chanceler iraniano, em tom duro.

RESPOSTA AO ATAQUE COORDENADO COM ISRAEL

A ofensiva americana teve como alvo três centros estratégicos do programa nuclear iraniano: Fordow, Natanz e Isfahan.

Segundo Trump, as instalações foram “completamente destruídas” em uma operação conjunta com Israel, utilizando bombas de alta penetração e mísseis Tomahawk lançados por aviões B-2 Spirit.

O Irã reconheceu os ataques, prometeu reagir e colocou suas Forças Armadas em alerta máximo.

Durante a coletiva, Araqchi evitou antecipar qual será a retaliação, mas afirmou que uma “variedade de opções está disponível”, incluindo o fechamento do Estreito de Ormuz — rota estratégica por onde passa cerca de 20% do petróleo global.

“Aguardem nossa resposta. Quando a agressão cessar, poderemos avaliar a retomada da diplomacia”, afirmou o ministro, que ainda anunciou que irá a Moscou para um encontro com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Araqchi também cobrou posicionamento da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e pediu ao seu Conselho de Governadores que condene formalmente o ataque.

“Eles traíram as negociações e tentam nos isolar, mas o Irã continuará a resistir. Trump traiu não apenas o Irã, mas sua própria nação”, disparou.

ESCALADA DO CONFLITO E RISCOS GLOBAIS

O ataque dos EUA marca uma nova fase da guerra entre Israel e Irã, que se intensificou desde 13 de junho.

Mais de 240 pessoas já morreram em decorrência dos confrontos, que incluem bombardeios, ataques com mísseis e ameaças de novos atos militares.

A entrada dos EUA no conflito — com ataque direto ao solo iraniano — foi feita, segundo a emissora israelense Kan, em “total coordenação” com Israel.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que a operação “vai mudar a história”.

Especialistas avaliam que a destruição das instalações nucleares representa um duro golpe ao programa iraniano e aumenta significativamente o risco de uma escalada regional, além de efeitos econômicos globais — especialmente no mercado do petróleo, que já reage à possibilidade de bloqueio no Estreito de Ormuz.


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