O ex-presidente Jair Bolsonaro está prestando depoimento nesta terça-feira (10) ao ministro Alexandre de Moraes, da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva em 2023.

Durante a oitiva, Bolsonaro pediu desculpas ao ministro pelas insinuações feitas em 2022, quando sugeriu que Moraes e outros integrantes do STF teriam recebido ilegalmente milhões de dólares durante o processo eleitoral. A declaração foi feita em uma reunião ministerial em julho daquele ano.

“Não tenho indício nenhum, senhor ministro. Tanto é que era uma reunião para não ser gravada. Era um desabafo, uma retórica que usei. Se fossem outros três ocupando [os cargos], eu teria falado a mesma coisa. Então, me desculpe. Não tinha essa intenção de acusar de qualquer desvio de conduta”, afirmou Bolsonaro ao ser confrontado por Moraes.

Na época, Bolsonaro disse: “Os caras não têm limite. Eu não vou falar que o Fachin tá levando US$ 30 milhões. Não vou falar isso aí. Que o Barroso tá levando US$ 30 milhões. Não vou falar isso aí. Que o Alexandre de Moraes tá levando US$ 50 milhões. Não vou falar isso aí. Não tenho prova, pô! Mas algo esquisito está acontecendo.”

Durante o interrogatório, Moraes também questionou Bolsonaro sobre seus frequentes ataques ao sistema de urnas eletrônicas.

O ex-presidente respondeu dizendo que não foi o único a duvidar do sistema e citou o ministro Flávio Dino, que teria feito críticas semelhantes em 2010, quando perdeu a disputa pelo governo do Maranhão.

Bolsonaro chegou a tentar exibir um vídeo com essas declarações, mas teve o pedido negado por Moraes, que argumentou que o material não está nos autos.

“Eu joguei dentro das quatro linhas [da Constituição] o tempo todo. Muitas vezes me revoltava, falava palavrão. Mas, no meu entender, fiz o que devia ser feito”, defendeu-se Bolsonaro.

O ex-presidente e outros aliados são acusados de integrar o núcleo central de uma suposta articulação para impedir a alternância de poder após a derrota nas urnas. Todos os investigados negam envolvimento e alegam perseguição política.


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