José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai e um dos líderes mais emblemáticos da América Latina, morreu nesta terça-feira (13), aos 89 anos.
A informação foi confirmada pelo atual presidente uruguaio, Yamandú Orsi, considerado seu herdeiro político.
Mujica enfrentava um câncer no estômago, além de conviver há mais de duas décadas com uma doença autoimune que comprometia seus rins.
PEPE MUJICA
Nascido em Montevidéu, em 20 de maio de 1935, Mujica foi militante do Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros, nos anos 1960. O grupo, de inspiração marxista, ficou conhecido por ações de assalto a bancos e redistribuição de dinheiro e alimentos à população mais pobre.
Durante a ditadura militar uruguaia, instalada em 1973, Mujica foi capturado e passou 14 anos preso sob tortura, boa parte deles em solitárias.
Na redemocratização, foi libertado por meio de uma anistia em 1985. Entrou para a política institucional, fundou o Movimento de Participação Popular (MPP), foi eleito deputado em 1994, senador em 1999 e, em 2005, tornou-se ministro da Agricultura no governo de Tabaré Vázquez.
Em 2010, Mujica foi eleito presidente do Uruguai, cargo que ocupou até 2015. Seu governo foi marcado por avanços sociais: o investimento em programas sociais passou de 60,9% para 75,5% dos gastos públicos, o salário mínimo teve aumento de 250% e o país legalizou o uso e o comércio da maconha, em uma iniciativa pioneira no mundo.
Apesar do cargo, manteve uma vida austera: morava com a esposa, a também senadora Lucía Topolansky, em um sítio na zona rural de Montevidéu e dirigia seu próprio Fusca 1987 até o trabalho.
Após deixar a Presidência, Mujica retornou ao Senado, onde permaneceu até 2020, quando renunciou em meio à pandemia de Covid-19 alegando questões de saúde.
Passou os últimos anos cuidando da horta em sua casa e dedicando-se a causas sociais. Estima-se que tenha doado 90% de seus vencimentos como ex-presidente para projetos de combate à pobreza.
