IBMED, vencedora de licitação, reduz quadro de 53 para 18 pediatras, oferece salários de R$ 8 mil por plantão e alega ‘apoio irrestrito’ do Ministério Público e da Secretaria de Saúde

Foto Reprodução

Desde a última segunda-feira, 13, a segurança e a qualidade do atendimento nas três Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do Hospital da Criança, em São Luís, teriam entrado em estado de alerta máximo. Meses após a primeira denúncia sobre o processo licitatório (Pregão Eletrônico nº 90.046/2025), o que era um temor sobre a qualificação dos profissionais virou uma denúncia sobre a sua quantidade.

O Instituto Brasileiro de Serviços Médicos (IBMED), empresa que assume hoje a gestão das escalas, cumpriu a exigência de contratar pediatras. No entanto, segundo funcionários do hospital, fez isso de uma maneira que acende sinais de alerta: o quadro de 53 médicos que garantia a cobertura das UTIs teria sido reduzido para apenas 18 profissionais – uma redução de quase 66% da equipe para a mesma demanda de alta complexidade.

Funcionários revelaram que, para conseguir montar a escala, a IBMED adotou uma abordagem questionável. Em mensagens de WhatsApp enviadas a médicos, a empresa ofereceu um valor de R$ 8.000,00 por plantão — quantia que, no modelo anterior, seria suficiente para pagar três profissionais. O contrato com o poder público prevê esse rearranjo?, indagam.

O IBMED, em sua prospecção de médicos, afirmou contar com o “apoio irrestrito da Secretária de Saúde de São Luís e do Ministério Público” para a implementação de seu novo modelo. A utilização do nome de órgãos de fiscalização e do poder executivo como ferramenta de recrutamento seria atípica e levantaria suspeitas sobre a natureza dessa relação.

A maioria dos médicos contratados são residentes de Teresina (PI), sem vínculo prévio com a rotina e os protocolos do Hospital da Criança.

Secretaria se manifesta

Procurada pelo portal, a secretaria municipal da Saúde se manifestou. “Fizemos uma licitação onde ouve troca de contratos temporários por contratação licitada, tudo nos trâmites corretos com transparência e lisura. O valor do plantão é igual ao que era pago antes e a quantidade de profissionais necessária por plantão exigido em resolução. Os profissionais contratados todos são pediatras e especialistas. Alguns médicos se juntaram e foram contra, não quiseram ser contratos pela empresa que ganhou a licitação. O ministério público mediou todo esse processo”, diz a Semus, suspeitando que esse movimento seja político.


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