Deputados e senadores receberam R$ 100,5 milhões em reembolsos médicos nos últimos seis anos, mesmo com acesso a planos de saúde de alto padrão. Os dados foram obtidos pelo UOL por meio da Lei de Acesso à Informação.

Na Câmara, os reembolsos somaram R$ 39,7 milhões entre 2019 e abril de 2025, beneficiando 584 parlamentares. O limite por nota é de R$ 135,4 mil, mas não há restrição na quantidade de pedidos. O aumento desse teto foi autorizado em 2021 pelo então presidente da Casa, Arthur Lira, com justificativa de inflação médica.
A ex-deputada Tereza Nelma (PSD-AL) foi a maior beneficiada, com mais de R$ 2 milhões em despesas reembolsadas. Outros parlamentares que receberam valores elevados incluem Damião Feliciano (União-PB), José Carlos Schiavinato (PP-PR), Célio Moura (PT-TO) e Elcione Barbalho (MDB-PA).
O plano da Câmara cobre hospitais como Sírio-Libanês, Albert Einstein e DF Star. Os deputados contribuem com mensalidades e coparticipação de até 30%. Já no Senado, os reembolsos chegaram a R$ 60,8 milhões no mesmo período.
O plano de saúde do Senado é vitalício e cobre também ex-senadores e cônjuges. Os parlamentares não pagam mensalidades nem coparticipação. Embora haja limite de valor por procedimento, não há restrição quanto ao número de reembolsos.
Tanto Câmara quanto Senado evitam divulgar detalhes sobre os procedimentos, sob alegação de sigilo médico. No Senado, os nomes dos parlamentares reembolsados não são informados.
A falta de transparência levou o Partido Novo a acionar o TCU em 2021, mas o tribunal decidiu não abrir processo, deixando à Câmara a responsabilidade de auditar os gastos se houver indícios de irregularidade.
As duas Casas afirmaram que os pedidos de reembolso passam por análise técnica e que não são cobertos procedimentos ilícitos, estéticos ou experimentais. Também pode haver autorização para tratamento fora do país em casos excepcionais.