O dentista Rafael Murilo, de 42 anos, morador de São Luís do Maranhão há mais de quatro décadas, decidiu transformar suas férias em uma aventura inesquecível.

Ao invés de simplesmente relaxar, ele embarcou em uma jornada ousada: atravessar o continente americano de carro, saindo dos Estados Unidos até sua casa, no Maranhão, dirigindo um Dodge vermelho ano 2011, comprado em um leilão por impulso.
A viagem durou 60 dias e cruzou 13 países: Estados Unidos 🇺🇸, México 🇲🇽, Guatemala 🇬🇹, El Salvador 🇸🇻, Honduras 🇭🇳, Nicarágua 🇳🇮, Costa Rica 🇨🇷, Panamá 🇵🇦, Colômbia 🇨🇴, Equador 🇪🇨, Peru 🇵🇪, Bolívia 🇧🇴 e Brasil 🇧🇷.
Ao longo do caminho, Rafael enfrentou desafios extremos, como quase capotar o carro em El Salvador após arrebentar toda a suspensão em uma estrada precária.
“Eu mesmo tive que trocar umas peças pra conseguir chegar até uma oficina. E no mesmo dia recuperaram o carro. Foi milagre de Deus”, lembra.
O veículo, apesar de não ser a melhor escolha técnica — com 351 mil quilômetros rodados — foi amor à primeira vista.
“Comprei no leilão, grande, confortável, motorzão, alta. Era tudo que eu precisava. Meus amigos disseram pra eu não pegar esse carro, mas fui assim mesmo. E fiz a viagem com ele.”
Para Rafael, a viagem representou mais do que uma simples travessia. “Cada dia foi uma nova descoberta. Conheci culturas fascinantes, fiz amizades que vou levar pra vida toda. Quando cheguei em São Luís, percebi que tinha sido mais do que férias. Foi sobre viver intensamente, explorar o desconhecido, celebrar a diversidade do nosso planeta.”

A ideia da aventura surgiu em 2013, durante uma viagem com um amigo aos Estados Unidos. “Fiz uma aposta de que um dia faria esse trajeto de carro. Voltei várias vezes aos EUA depois, sempre olhando os preços dos carros e sonhando com essa viagem. Gosto muito de aventura e já fiz várias outras, mas essa foi, sem dúvida, a maior.
Durante o percurso, Rafael enfrentou estradas perigosas, regiões de instabilidade e locais de difícil acesso. Um dos trechos mais desafiadores foi a travessia da Cordilheira dos Andes, quando o carro atingiu mais de 3.800 metros de altitude. “Foi a parte mais perigosa. Nenhum carro sobe tanto. Foi muita oração e fé em Deus.”

Além dos desafios físicos e logísticos, a jornada foi também espiritual e transformadora. “Me tornei uma pessoa muito melhor. Pensei mais em Deus, aprendi a dar valor às pequenas coisas: um banho, uma refeição, o simples fato de chegar com vida a cada destino. Passei muito risco, mas fui protegido.”
Sobre a travessia de fronteiras, Rafael define como uma aula de cultura e humanidade. “Cada país é um jeito, uma forma diferente de tratar as pessoas. É como a estética do paciente. Você olha para o rosto e vê traços completamente distintos, genéticas únicas. Uns parecem indianos, outros americanos, outros sábios. É incrível.”

São Luís foi o ponto final da jornada, e Rafael fez questão de concluir o desafio até a porta de casa. “Todo mundo dizia que já podia considerar finalizado ao chegar no Brasil. Mas o trato era até minha casa. Quando passei pela ponte de São Luís, falei: ‘tô quase concluindo, galera’. À noite postei o vídeo no Instagram, foi emocionante.”
Rafael agora guarda não só memórias, mas lições profundas sobre fé, coragem, superação e a imensidão de experiências que o mundo tem a oferecer.
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