Um novo sistema desenvolvido para combater golpes por telefone começa a dar os primeiros passos no Brasil. Batizado de Origem Verificada, o recurso foi criado pelas operadoras de telecomunicações em parceria com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e permite identificar quem está ligando — e até o motivo da chamada — mesmo quando o número não está salvo no celular.

A tecnologia, voltada para combater fraudes e ligações automatizadas, como as que desligam assim que são atendidas, ainda tem uso limitado. O serviço é gratuito para o consumidor e não exige a instalação de aplicativos. No entanto, só funciona em celulares compatíveis com redes 4G ou 5G e que possuam versões recentes de sistema operacional.
O Origem Verificada utiliza o protocolo internacional STIR/SHAKEN, que valida se o número que aparece na tela do celular realmente pertence à empresa que está ligando. A verificação é feita por meio de um banco de dados mantido pela ABR Telecom, abastecido pelas operadoras.
Quando a ligação começa, os dados são comparados com os registros das operadoras. Se houver correspondência, a chamada é autenticada e o celular exibe informações como nome da empresa, número, logotipo e até o motivo da chamada — dependendo do aparelho.
O objetivo é combater fraudes como o spoofing, em que criminosos usam números falsos para se passar por instituições confiáveis e enganar consumidores, geralmente pedindo senhas ou códigos de segurança.
Além disso, o sistema busca dificultar o uso das chamadas automáticas que desligam sozinhas, as chamadas robocalls, geralmente utilizadas por golpistas para identificar se um número está ativo.
Apesar do potencial, o Origem Verificada ainda é pouco utilizado no país. Isso porque as empresas que fazem as ligações precisam contratar o serviço, o que ainda ocorre em pequena escala, segundo a ABR Telecom. A entidade não informou quais ou quantas empresas já aderiram ao sistema.
Quais celulares são compatíveis
Para funcionar corretamente, o celular precisa estar atualizado e conectado a redes 4G ou 5G. Veja abaixo os modelos e sistemas operacionais que já são compatíveis com o Origem Verificada:
- Apple (iOS 18.2 ou superior, do iPhone 11 ao 16): mostra nome da empresa, número e logotipo.
- Samsung (Android 14 ou superior, como Galaxy S22 e S23): exibe nome, número, logotipo, selo de verificação, motivo da ligação e mensagem “número validado”.
- Outros Androids (11 a 14): como Motorola Razr 50 e Edge 50 Neo, mostram nome, número, selo de verificação e “número validado”.
A expectativa da Anatel é que, até o final do primeiro semestre de 2025, 75% dos smartphones ativos no Brasil estejam aptos a receber chamadas autenticadas.
E se a ligação não for autenticada?
Por enquanto, o uso do Origem Verificada não é obrigatório. Isso significa que chamadas sem identificação seguirão coexistindo com as autenticadas por algum tempo. No entanto, nem toda ligação sem autenticação deve ser tratada como golpe.
A partir de outubro de 2028, entra em vigor uma exigência da Anatel (Resolução nº 777) que obrigará todas as operadoras a autenticar chamadas feitas de telefones fixos e móveis. Mas essa medida só garantirá que o número exibido é verdadeiro — informações como nome da empresa e motivo da chamada seguirão sendo opcionais e dependerão da adesão ao sistema Origem Verificada.
Casos de fraude envolvendo ligações falsas seguem sendo comuns. Em uma reportagem do programa Profissão Repórter, uma mulher perdeu R$ 7.800 após acreditar estar falando com um call center verdadeiro. Os criminosos usaram dados da vítima para aplicar o golpe.
A recomendação das autoridades é nunca fornecer senhas, códigos de segurança ou dados pessoais por telefone, mesmo que o número pareça confiável. Em caso de dúvida, desligue e entre em contato com a empresa por meios oficiais.






