A influenciadora Virgínia Fonseca, com mais de 50 milhões de seguidores, prestou depoimento nesta terça-feira, 13, à CPI das Bets, no Senado Federal, que investiga irregularidades e impactos sociais das casas de apostas e o papel de influenciadores na promoção desses serviços.

Durante a oitiva, conduzida principalmente pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), Virgínia respondeu a perguntas sobre contratos com as plataformas Blaze e Esportes da Sorte, envolvimento de familiares em campanhas e os riscos sociais do mercado de apostas. A influenciadora afirmou:

  • Que segue a legislação vigente e as orientações do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar);
  • Que não se arrepende das campanhas publicitárias feitas e que tudo serviu de aprendizado;
  • Que não recebe comissão sobre perdas de apostadores (“cláusula da desgraça”);
  • Que os contratos foram declarados à Receita Federal e os valores não foram atrelados a prejuízos dos seguidores;
  • Que usava contas fornecidas pelas empresas para gravar os vídeos e não sua conta pessoal de jogadora.

“Eu não tenho poder de ajudar”

Um dos momentos mais marcantes da sessão foi a resposta de Virgínia ao ser questionada sobre os relatos de seguidores pedindo ajuda por problemas com jogos: “Acho que eles pedem socorro para a senhora porque a senhora tem poder de fazer alguma coisa. Eu não tenho poder de fazer nada”, disse à senadora Thronicke, que questionava a responsabilidade social da influenciadora diante de potenciais danos psicológicos e financeiros ao público.

Ela também destacou que, em todos os conteúdos publicitários sobre bets, faz alertas sobre os riscos, o vício e a proibição para menores de 18 anos. Disse ainda que vai repensar a continuidade das campanhas após o depoimento: “Vou chegar em casa e pensar, pode ter certeza.”

Virgínia explicou que não ficou milionária com bets e que o maior faturamento vem de sua marca de cosméticos, a Wepink, que teria arrecadado R$ 750 milhões em 2024. Ela negou qualquer cláusula que a remunerasse com base em prejuízos dos apostadores. Disse que houve previsão de bônus em um contrato, mas vinculado ao lucro da empresa – e não às perdas dos jogadores: “Se eu dobrasse o lucro da empresa, receberia 30% a mais. Isso nunca aconteceu.”

Durante a sessão, o senador Cleitinho (Republicanos-MG) elogiou a influenciadora, a chamou de “geradora de riqueza” e pediu uma selfie, que foi atendida por Virgínia. O ato foi reprovado publicamente pelo presidente da CPI, senador Dr. Hiran (PP-RR), que afirmou: “Não deixarei que essa CPI vire circo. Ela está aqui como testemunha e será tratada com respeito.”

Com autorização do STF, Virgínia usou o direito ao silêncio em perguntas que pudessem incriminá-la, mas foi orientada a responder com verdade sobre terceiros. Ela também se comprometeu a enviar os contratos com a Blaze e a Esportes da Sorte à CPI, sob sigilo contratual.

Soraya Thronicke reforçou que a CPI busca compreender como influenciadores digitais promovem as apostas online, que têm levantado preocupações com vício, impacto financeiro e psicológico nas famílias, além de possíveis vínculos com lavagem de dinheiro.


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