A varejista chinesa Shein aumentou os preços de seus produtos nos Estados Unidos em até 377%, segundo informou a Bloomberg News. A medida antecipa os impactos da nova ofensiva tarifária imposta pelo presidente Donald Trump em meio à intensificação da guerra comercial entre EUA e China.
Os aumentos de preços atingem uma ampla gama de produtos, de vestidos a utensílios de cozinha. No início de abril, Trump assinou uma ordem executiva que encerra a isenção de impostos para produtos de empresas chinesas como Shein e Temu — decisão semelhante à adotada recentemente pelo governo brasileiro com a chamada “taxa das blusinhas”.
Além de eliminar a isenção, o presidente norte-americano triplicou as tarifas sobre as importações chinesas. A nova regra entra em vigor no dia 2 de maio. Até então, encomendas com valor inferior a US$ 800 (cerca de R$ 4,5 mil) não eram taxadas nos EUA. Com a mudança, pacotes abaixo desse valor poderão ser tarifados em até 90% do preço total, o que deve tornar os produtos muito mais caros para os consumidores americanos.
O movimento já tem reflexo direto nas vendas das plataformas chinesas. Dados da Bloomberg Second Measure apontam que as vendas da Shein e da Temu dispararam nos Estados Unidos no final de março e no início de abril, à medida que os consumidores se apressaram para comprar antes do aumento dos preços.
Consumidores fazem estoques para driblar alta
A perspectiva de preços mais altos levou consumidores norte-americanos a estocar mercadorias. Segundo o “The New York Times”, muitos usuários têm utilizado as redes sociais para alertar sobre a mudança nas tarifas e incentivar compras rápidas nas plataformas chinesas.
Influenciadores também viralizaram vídeos mostrando a chegada de suas compras e orientando seus seguidores a aproveitarem os preços baixos antes da entrada em vigor das novas tarifas.
A decisão de Trump acirra a guerra comercial entre Estados Unidos e China. Na última semana, o presidente americano afirmou que Pequim teria feito “vários contatos” para negociar um acordo, sinalizando disposição para diálogo. Entretanto, autoridades chinesas negaram que conversas estivessem em andamento e pediram que Washington “pare de criar confusão”.
Apesar da tensão, o tom mais conciliador de Trump foi recebido de forma positiva pelos mercados, uma vez que a China é um dos principais parceiros comerciais dos EUA. Há preocupação de que o aumento das tarifas pressione ainda mais a inflação norte-americana, o que poderia forçar o Federal Reserve (Fed) a adotar novas altas na taxa de juros.