O Brasil ficou em último lugar no mais recente ranking de competitividade industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), antecipado pelo Estadão/Broadcast. O levantamento comparou 18 nações das Américas, Europa e Ásia que disputam os mesmos mercados de exportação e importação e têm um conjunto de produção relativamente semelhante.
Os cinco países da América do Sul listados ocuparam as posições finais, pela ordem: Chile, Argentina, Colômbia, Peru e Brasil. No relatório Competitividade Brasil – 2023/2024, a mais recente versão do levantamento realizado desde 2010, houve mudanças metodológicas em relação a rankings anteriores, buscando privilegiar similaridades na comparação entre as economias concorrentes. Mas o fato é que o País, que nunca saiu do terço inferior da classificação, desta vez caiu para a lanterna.
Mais do que apontar fragilidades nacionais em importantes fatores que ditam a concorrência internacional, como qualificação da mão de obra, ambientes macroeconômico e de negócios, educação, tributação, condições de financiamento, infraestrutura e logística, o levantamento da CNI atesta o resultado de décadas de protecionismo da economia brasileira – uma fórmula arcaica ainda em uso no País para proteger uma indústria que, assim, se acomoda e se torna menos competitiva.
Edições anteriores da pesquisa, disponíveis na internet a partir do levantamento de 2016, mostram a competitividade brasileira em 17.º lugar até o período 2021/2022, quando subiu uma posição, beneficiada pela melhora do ambiente de negócios – registrado em mais de uma edição – e ganhos em financiamento e tributação. Na pesquisa atual, o ambiente econômico, aliado ao desenvolvimento humano e trabalho e à educação, foram os três principais fatores, entre os oito analisados, a puxar o Brasil para o fim da fila.
A questão, porém, vai muito além da disputa pelas últimas colocações. É necessário abandonar de vez a “zona de rebaixamento” e ingressar ao menos no grupo intermediário da competição, onde está a Índia, que tem elevado sua competitividade a partir de políticas de abertura da economia. O estudo destaca que a Índia ainda amarga as piores posições em seis dos oito fatores considerados, mas o quarto lugar em “comércio e integração internacional” garantiu ao país no cômputo geral a 12.ª colocação.
Como diz o documento da CNI, mensurar a competitividade do país é um importante passo para direcionar a formulação de políticas públicas e estratégias de desenvolvimento. Mas, para além do diagnóstico, é preciso que o Brasil repense o próprio modelo de desenvolvimento, excessivamente voltado a salvaguardar a produção local, mirando prioritariamente o consumo interno.
Por esse tipo de pensamento, ainda figuramos com frequência em listas das economias mais fechadas do mundo. O Brasil se acostumou a buscar soluções em políticas de subsídios e barreiras alfandegárias que deveriam ser usadas em caráter excepcional, mas se transformaram em regra.