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Com a morte do Papa Francisco, na última segunda-feira (21), a Igreja Católica se prepara para um dos conclaves mais diversos da história: 133 cardeais de 70 países diferentes vão escolher o novo líder da Igreja. Mas, ao contrário do que se poderia imaginar, a votação não será um simples embate entre progressistas e conservadores.

Segundo especialistas, a escolha não dependerá tanto de posicionamentos ideológicos sobre temas como aborto, migração ou direitos LGBTQIA+, mas sim de critérios como espiritualidade, capacidade de liderança e compromisso com a unidade da Igreja.

O atual grupo de cardeais votantes é o mais globalizado da história recente da Igreja. No conclave de 2013, que elegeu Francisco, havia representantes de 48 países. Agora, são 71 nações, com a presença inédita de locais como Mongólia, Laos, Papua-Nova Guiné e Mali.

O Papa Francisco priorizou a nomeação de cardeais de fora da Europa e América do Norte, áreas onde a Igreja é hoje mais minoritária. Esses cardeais tendem a buscar um novo papa mais firme e próximo das realidades difíceis de suas populações.

Ainda assim, especialistas alertam: o conclave não será uma “competição entre países”. Embora afinidades culturais e linguísticas possam influenciar articulações internas, o que prevalecerá é o perfil pessoal de cada cardeal.

Nomeações:

  • 108 dos 133 cardeais foram nomeados por Francisco;
  • 21 por Bento XVI;
  • 4 por João Paulo II.

Entretanto, ser indicado por um papa não significa, necessariamente, seguir sua linha de atuação. A maioria dos votantes construiu suas carreiras sob diferentes pontificados.

Idade dos votantes:

  • Apenas cardeais com menos de 80 anos participam.
  • A idade média é de 69 anos.
  • O mais jovem é o ucraniano Mykola Bychok, 45 anos, e o mais velho é Jean-Pierre Kutwa, 79 anos.

Embora existam polarizações internas — entre aqueles que desejam dar continuidade às reformas de Francisco e aqueles que defendem um retorno a práticas mais tradicionais —, esses grupos são minoria. Entre os temas mais polêmicos e que marcaram o pontificado de Francisco estão:

Avanços:

  • Acolhimento de casais em situações irregulares e da comunidade LGBTQIA+.
  • Compromisso com a transformação social e maior participação dos pobres.
  • Maior espaço para mulheres em decisões da Igreja.
  • Incentivo à sinodalidade (participação comunitária nas decisões).
  • Restrição ao uso da missa em latim sem autorização do bispo.

Posturas conservadoras mantidas:

  • Condenação à ideologia de gênero.
  • Manutenção do celibato e exclusividade masculina no sacerdócio.

Conservadores desejam, por exemplo, um retorno ao rito tridentino e uma visão mais hierárquica da Igreja, mas esses temas tendem a ter pouca influência prática na escolha do novo papa.

O que deve pesar na decisão

De acordo com especialistas, três fatores serão fundamentais na escolha:

  • Abertura ou resistência a riscos: preferência por um papa que garanta estabilidade.
  • Espiritualidade: valorização de líderes espiritualmente sólidos.
  • Transparência: compromisso com maior clareza e responsabilidade na gestão da Igreja.

Além disso, o conclave será o momento decisivo para os cardeais conhecerem melhor uns aos outros. Cada intervenção contará para a percepção geral de quem está mais preparado para conduzir a Igreja em tempos desafiadores.

 

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