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*Por Pedro Lucas Fernandes

Na próxima semana, integrarei a comitiva do Brasil nas visitais oficiais ao Japão e ao Vietnã, a fim de estreitar os laços comerciais e fraternais do Estado brasileiro com esses países asiáticos.

Pedro Lucas Fernandes

Certamente, as idas a Tóquio (de 24 a 27 de março) e a Hanói (de 27 a 29 de março) resultarão em excelentes frutos para o crescimento econômico brasileiro.

Em 2025, as relações diplomáticas entre Brasil e Japão completam 130 anos. A formalização dessa parceria centenária ocorreu em 1895, com a assinatura do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação, que permitiu abertura recíproca de representações diplomáticas em 1897 e abriu caminho para o início da imigração japonesa, em 1908.

Por conseguinte, o Japão, quarta maior economia do mundo, é o segundo maior parceiro do Brasil na Ásia, bem como a nona origem de investimentos estrangeiros em nosso país, com aproximadamente US$ 35 bilhões de investimentos nos últimos três anos.

Com efeito, é um dos maiores investidores no Brasil. Os investimentos japoneses são diversificados e incluem setores como o automotivo, de materiais elétricos e siderurgia.

Ademais, há outros dados interessantes que demonstram a força desse vínculo entre os dois países: o Brasil conta com a maior população nipodescendente fora do Japão, com mais de 2 milhões de pessoas; e o Japão abriga a quinta maior comunidade brasileira no exterior, com cerca de 211 mil nacionais.

Nesse contexto, estreitar os laços fraternais e comerciais entre os países é muito importante para o desenvolvimento do Brasil. Aí está a relevância da ida da comitiva brasileira ao Japão e ao Vietnã, a ser realizada nos próximos dias.

Nesses encontros, será possível negociar a abertura do mercado japonês para a carne bovina brasileira. Essa é uma demanda histórica do Brasil, que, desde 2005, tenta, sem sucesso, entrar naquele mercado.

Afinal, o Japão importa cerca de 70% da carne bovina que consome, o que representa cerca de US$ 4 bilhões ao ano. Desse total, 80% são importados dos Estados Unidos e da Austrália.

Além disso, os diálogos buscarão avançar nas negociações para um acordo comercial entre o Japão e o Mercosul, mediante a atração de investimentos devido à existência de uma complementariedade entre as economias. Ademais, há grandes oportunidades de ampliação nas áreas de parcerias público-privadas e de energia renovável.

Já no Vietnã, que se consolidou como o quinto maior consumidor dos produtos agropecuários brasileiros, será debatido um plano de ação para elevar o país ao nível de Parceiro Estratégico do Brasil.

Trata-se de um tipo de relação superior ao que os dois países mantém atualmente. Essa mudança possibilitará aprofundar o diálogo político, reforçar a cooperação econômica, intensificar o fluxo de comércio e investimentos, fortalecer a coordenação em temas da agenda multilateral e impulsionar novas iniciativas de cooperação entre os países.

O Vietnã investe em setores estratégicos muito significativos relacionados à alta tecnologia, como os semicondutores.

Tal vocação se harmoniza com o interesse do Brasil em receber investimentos nos setores de alta complexidade tecnológica, já que o país detém um sistema amigável para o desenvolvimento de semicondutores e os produz com um elevadíssimo patamar de sustentabilidade. Ademais, os governos brasileiro e vietnamita pretendem celebrar acordos nas áreas de defesa, agricultura e energia.

Convém destacar que, em 2024, Brasil e Vietnã registraram um volume de comércio de US$ 7,7 bilhões, com superávit brasileiro de US$ 415 milhões.

As próximas negociações visam duplicar esses valores, considerando que essa relação bilateral está em uma trajetória de forte crescimento, com foco significativo no setor agrícola brasileiro.

Portanto, a ida ao continente asiático constituirá em importante marco nas relações do Brasil com o Japão e o Vietnã, porque terá como finalidade precípua a valorização de laços culturais, o aumento do comércio, a atração de investimentos e a abertura de novos mercados para produtos agropecuários brasileiros.

Nessa esteira, a superação de barreiras comerciais e a atração de investimentos serão temas centrais nas agendas, a fim de impulsionar o desenvolvimento econômico e fortalecer os laços políticos e culturais do Brasil com esses países asiáticos.

Afinal, a conjuntura internacional, marcada por incertezas no comércio global, corrobora a importância de o Brasil buscar e fortalecer parcerias estratégicas em diferentes regiões do mundo.

 

 

 

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