A família da pequena Sofia, que faleceu após ser submetida a uma cirurgia de retirada de amígdalas e adenoide no último dia 16 de janeiro, aponta negligência médica e falta de assistência por parte do UPC Hospital Pediátrico, em São Luís. A criança apresentou complicações graves e faleceu dois dias depois da intervenção cirúrgica.

De acordo com o relato da mãe de Sofia, a menina recebeu alta no dia 17, mas, ao chegar em casa, começou a apresentar sangramentos. Preocupados, os pais a levaram de volta ao hospital, onde foram informados por uma médica não a situação não seria grave.
Mesmo liberada, a criança continuou a ter episódios de sangramento, o que levou a família a retornar à unidade de saúde. Após insistência dos pais, Sofia foi internada, mas na madrugada do dia 18 sofreu uma crise severa e perdeu uma grande quantidade de sangue. Ainda assim, a médica teria minimizado a gravidade do quadro.
Diante da falta de assistência adequada, os pais decidiram retirar Sofia do hospital e levá-la por conta própria para outra unidade, pois, segundo a mãe, a ambulância do hospital não foi disponibilizada.
A família de Sofia aponta negligência e pede justiça. “Vocês contribuíram para a maior dor e perda da minha vida”, desabafou a mãe da menina.
Reação – Diante da denúncia, o Instituto de Promoção e Defesa do Cidadão e Consumidor do Maranhão (Procon/MA), em parceria com a Vigilância Sanitária Estadual, realizou ontem uma rigorosa fiscalização no UPC Hospital Pediátrico. A ação foi motivada pela denúncia pública de Mayara Taygre, mãe de Sofia.
Durante a inspeção, a equipe de fiscalização encontrou diversas irregularidades que comprometem a segurança e o bem-estar dos pacientes. Entre as não conformidades identificadas estavam a obstrução de extintores de incêndio, banheiros sem acessibilidade adequada, bebedouros sem documentação das manutenções realizadas, infiltrações nas instalações e problemas graves na cozinha, como alimentos sem data de abertura, fora da validade e caixas armazenadas diretamente no chão.
Outro ponto crítico observado foi a falta de regularização em relação ao Registro de Qualificação de Especialista (RQE) dos profissionais da unidade. Apesar da solicitação da equipe de fiscalização, foram apresentados documentos de apenas alguns médicos, o que levanta preocupação quanto à qualificação dos profissionais em atividade.
O Procon/MA autuou o hospital e estabeleceu um prazo de 20 dias para que a unidade apresente as devidas adequações e correções das irregularidades apontadas.
A instituição reforçou que o objetivo da fiscalização é garantir a segurança e a qualidade do atendimento prestado à população, destacando a importância da atuação integrada com órgãos de saúde para proteger os direitos dos cidadãos.
O Procon/MA manterá o acompanhamento das medidas corretivas exigidas, visando assegurar que situações semelhantes não voltem a ocorrer.
Outro lado – Após acusações, a direção da unidade de saúde pediátrica se manifestou por meio de uma nota de esclarecimento onde lamentou o ocorrido. Confira a seguir:
“A UPC, antes de tudo, vem a público externar suas mais sinceras condolências à família da criança S.E.M.C.R, em razão do ocorrido no dia 16/01/2025.
Feita a adenoamigdalectomia, uma cirurgia realizada na região da garganta, após visita médica e de enfermagem, e dadas as devidas orientações pós-cirúrgicas, a paciente recebeu alta hospitalar no dia seguinte às 08:35h.
Às 10:40 do mesmo dia da alta, a paciente retornou ao hospital com o quadro de sangramento, tendo a mãe relatado que deram à menor, sem orientação médica, refrigerante e pipoca logo após a saída do hospital.
Às 11:35h, a paciente mantinha-se estável, com os sinais vitais sem alteração, sob vigilância e recebendo medicações.
Na madrugada, apresentando novo episódio de sangramento, a médica plantonista solicitou a presença da médica que realizou a cirurgia para avaliar a paciente. Em seguida, a médica chega ao hospital, faz a reavaliação e lhe prescreve o que reputa adequado e ela se mantém estável.
Ocorre que, por volta das 04:30h, os responsáveis solicitam a transferência de unidade hospitalar e se dá início a toda rotina para a alta pedida, vez que não era orientação da UPC transferir a paciente, sem que as habituais cautelas tenham sido tomadas, a exemplo do transporte via ambulância.
Todavia, às 04:55h, os responsáveis evadiram-se da UPC e foram para o Hospital da Criança, onde a paciente permaneceu internada por cerca de 2 dias até o óbito.
Assim, a diretoria da UPC e toda a sua equipe vem a público externar seu profundo pesar e solidariedade à família!”