A implosão das estruturas remanescentes da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, na BR-226, entre Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), realizada no dia 2 de janeiro, foi alvo de duras críticas do especialista em trânsito e transporte Francisco Soares.
De acordo com ele, a operação foi mal planejada e mal executada, resultando em uma fragmentação incompleta da estrutura, o que deve prolongar significativamente o processo de demolição e reconstrução da ponte.
“Como se pode ver, a implosão foi um aparente fracasso. O DNIT vem falhando em tudo: não soube construir uma rampa de acesso para veículos em balsas, não soube manter essa ponte e sequer soube interditá-la. Agora, demonstra total incompetência ao tentar implodi-la. O que restou vai exigir muito trabalho e um custo muito maior para a demolição completa”, afirmou Soares.
O especialista em trânsito e transporte destacou métodos manuais e mecânicos, com a utilização de marteletes hidráulicos, para a desagregação da estrutura que resistiu à implosão.
“Se eles gastaram um valor X para implodir, agora precisarão gastar três ou quatro vezes mais para concluir a demolição mecanicamente. A explosão foi mal concebida e mal planejada, e isso fica evidente nas imagens: tabuleiros ainda de pé, pilares intactos. Agora, como isso será removido? E para onde esse material será levado?”, questionou.
Além dos desafios técnicos, Soares alertou para a falta de infraestrutura adequada para o descarte dos escombros.
“Estreito não tem um aterro de construção civil licenciado, que é uma exigência do CONAMA. Hoje, não se pode mais usar o bota-fora. Então, para onde vão transportar essa quantidade enorme de entulho? Isso vai gerar ainda mais atrasos”, ressaltou.
Outro ponto preocupante, segundo o especialista, é a inexistência de um projeto executivo para a nova ponte.
“O DNIT já demonstrou que não conhece o regime fluvial desse trecho. Não conseguiu sequer construir uma rampa de acesso para embarcações. Agora, vamos ter que esperar mais três ou quatro meses só para o projeto da fundação, fora o tempo de demolição. Muito dificilmente essa ponte começa a ser reconstruída ainda este ano”, avaliou.
Diante desse cenário, Soares prevê que a obra deve levar pelo menos dois anos e meio para ser concluída, podendo se estender por até três anos e meio. Ele também alertou que os R$ 170 milhões anunciados pelo DNIT podem ser insuficientes para custear a nova ponte.
“Esse valor não será suficiente. Essa é uma obra que pode chegar a R$ 280 ou R$ 300 milhões”, afirmou.
Enquanto isso, a população de Aguiarnópolis e Estreito enfrenta incertezas e dificuldades no transporte, impactando diretamente a economia local.
“O fluxo de transporte é o que alimenta esses municípios. Com essa situação indefinida, a tendência é que a economia estagne”, concluiu o especialista.