A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) determinou, nesta terça-feira, 11, a suspensão dos pagamentos oferecidos pela World para a coleta de biometria de íris de brasileiros, após considerar que a compensação financeira configurava uma interferência indevida no consentimento dos titulares dos dados.
A medida tem efeito imediato após a intimação e foi publicada no Diário Oficial da União.
O projeto da World, que visava remunerar os participantes por fornecerem fotos de suas íris, foi questionado pela ANPD devido ao caráter involuntário do consentimento, pois o pagamento poderia influenciar a livre manifestação de vontade dos indivíduos.
A relatora do caso, Miriam Wimmer, destacou que a proposta de pagamento violava princípios da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
A World, por sua vez, informou que, apesar da suspensão dos registros e pagamentos, suas lojas físicas permanecerão abertas para oferecer informações ao público. A empresa também indicou que precisa de tempo para cumprir a ordem da ANPD.
A decisão da ANPD ocorre após uma solicitação de recurso feita pela World em 28 de janeiro, quando havia solicitado um prazo de 45 dias para implementar mudanças em seu aplicativo.
Contudo, a ANPD rejeitou o pedido, determinando que a empresa interrompesse os pagamentos imediatamente.
A World é uma rede administrada pela World Foundation, organização sem fins lucrativos que gerencia o projeto fundado pela Tools for Humanity, empresa criada por Alex Blania e Sam Altman, CEO da OpenAI.
A rede de pontos de atendimento da World, que até janeiro de 2025 já possuía 51 unidades em São Paulo, visa coletar dados biométricos para diferentes finalidades, sendo o pagamento em criptomoedas uma das motivações para adesão dos participantes.
O projeto levantou US$ 115 milhões em sua última rodada de investimentos em 2023 e foi amplamente promovido como uma iniciativa de inovação em biometria, mas agora enfrenta desafios regulatórios com relação à conformidade com as normas de proteção de dados no Brasil.