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Um relatório da Polícia Federal (PF) revelou o envolvimento de políticos, militares e aliados em uma trama golpista que ameaçou a democracia brasileira entre o fim de 2022 e o início de 2023, após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais.

Entre os indiciados, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi apontado como o principal beneficiário e um dos organizadores do plano. Seu nome é citado 643 vezes no documento.

A seguir, os principais pontos do relatório da PF:

1. PLANEJADOR DO GOLPE

De acordo com a investigação, Jair Bolsonaro teve participação ativa e domínio sobre os atos planejados para consolidar o golpe de Estado. Ele é descrito como “planejador, dirigente e executor” das ações.

O relatório afirma que o ex-presidente tinha “plena consciência e participação ativa” no esquema, que visava abolir o Estado Democrático de Direito.

Ainda segundo o documento, o golpe só não se concretizou devido a fatores externos à vontade de Bolsonaro.

O grupo atuava desde 2019, propagando narrativas falsas sobre supostas vulnerabilidades no sistema eleitoral brasileiro.

Esses discursos eram parte de uma estratégia para legitimar ações autoritárias.

Mesmo não integrando diretamente os núcleos da organização criminosa, Bolsonaro seria o principal beneficiado, já que o objetivo final era mantê-lo no poder.

2. A “CARTA DO GOLPE”

A PF também destacou a participação de Bolsonaro em uma carta divulgada por oficiais superiores do Exército em 29 de novembro de 2022.

O documento, com teor golpista, buscava incitar militares a pressionarem o comando do Exército a apoiar uma ruptura institucional.

Mensagens trocadas entre aliados indicam que Bolsonaro sabia do teor da carta.

Em uma delas, o tenente-coronel Sérgio Cavaliere, aliado próximo, confirma que o ex-presidente tinha ciência do conteúdo.

3. APRESENTAÇÃO DA MINUTA GOLPISTA

No dia 7 de dezembro de 2022, Bolsonaro teria apresentado uma minuta golpista durante uma reunião no Palácio da Alvorada.

O documento previa medidas como Estado de Defesa, Estado de Sítio e Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para reverter o resultado eleitoral.

A reunião foi convocada pelo então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, sob ordens do ex-presidente. Participaram o comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, o comandante da Marinha, Almir Garnier, e o assessor internacional Filipe Martins.

O general Freire Gomes relatou que deixou claro a Bolsonaro que o Exército não apoiaria o uso desses mecanismos para alterar o resultado das eleições.

4. ATAQUE AO SISTEMA ELEITORAL

A investigação concluiu que Bolsonaro trabalhou para disseminar a narrativa de fraude eleitoral, mesmo após relatórios do Ministério da Defesa não encontrarem indícios de irregularidades nas urnas eletrônicas.

Essa retórica era parte de uma estratégia para justificar medidas autoritárias, como a anulação das eleições de 2022.

Segundo a PF, Bolsonaro agiu deliberadamente para criar desconfiança no processo eleitoral e alimentar tensões políticas.

5. PLANO DE FUGA

Por fim, o relatório descreve um plano de fuga para retirar Bolsonaro do Brasil caso enfrentasse um revés judicial.

Inspirado em doutrinas militares, o plano previa suporte logístico de aliados, proteção armada nos palácios e a ocupação de infraestruturas críticas para impedir ações do Judiciário.

Apesar de avançado, o plano foi abandonado devido à resistência do Alto Comando das Forças Armadas, que se recusou a apoiar as medidas golpistas. Essa recusa foi fundamental para barrar o avanço do golpe.

A investigação culminou no indiciamento de 37 pessoas, incluindo Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, apontado como peça-chave no esquema.

A PF afirma que as ações golpistas demonstram uma tentativa clara de subverter o Estado Democrático de Direito.

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