No JP MEMÓRIA – RUMO AOS 70 ANOS, desse domingo, 2 (o Jornal Pequeno completa 70 anos em 29 de maio de 2021), o Colunaço do Pêta relembrou o rompimento de José Reinaldo Tavares com José Sarney, fato que causou uma reviravolta histórica na política do Maranhão.
O Jornal Pequeno foi o único veículo da imprensa maranhense a noticiar, em primeira mão, o surpreendente e inacreditável rompimento político do governador José Reinaldo Tavares com o presidente do Congresso Nacional, senador José Sarney (PMDB-AP). O episódio ocorreu em julho de 2004.
Até então, havia uma briga velada, travada nos bastidores, entre a primeira-dama do Estado, Alexandra Tavares, e a senadora Roseana Sarney (PFL-MA). Logo no final de fevereiro de 2004, em entrevista coletiva à imprensa, no Palácio dos Leões, o governador José Reinaldo, acompanhado do secretário de Turismo, Airton Abreu, fez um balanço positivo da folia no Maranhão.
Mas a primeira-dama, Alexandra Tavares, surpreendeu os jornalistas ao culpar a Gerência Metropolitana, comandada por Ricardo Murad, pelos problemas ocorridos no carnaval, especialmente com relação ao desfile das escolas de samba em São Luís.
Um dia depois das críticas de Alexandra, o senador José Sarney compareceu ao Palácio dos Leões para uma visita de “cortesia” ao governador José Reinaldo Tavares, para “parabenizá-lo pela realização do carnaval 2004”, informaram assessores palacianos.
No final de março, a revista ‘Veja’ escancarou um assunto que o Jornal Pequeno vinha tornando público há alguns meses, através do ‘Colunaço do Dr. Pêta’: o clima hostil, praticamente de guerra, entre os Sarney e a primeira-dama Alexandra Tavares.
“Tanta personalidade (de Alexandra) acabou por reverberar numa seara até então imaculada da vida maranhense: o poder e a tradição da família Sarney, que há quatro décadas domina a política local e, como era de esperar, torce o nariz para tanta independência”, diz a matéria assinada pela jornalista Daniela Pinheiro, enviada especial a São Luís.
Em seguida, no começo de junho de 2004, um repórter do jornal ‘O Globo’ publicou matéria em que a primeira-dama Alexandra Tavares detonava a senadora Roseana Sarney.
Mais uma vez, a primeira reação do governador Zé Reinaldo foi a de tentar apagar o fogo e negar a confusão. Alexandra, a “Grande” (assim batizada por Dr. Pêta, do Jornal Pequeno), não recuou, o presidente do Senado, José Sarney, resistiu no apoio absoluto à filha. Alexandra voltou à carga, com entrevistas bombásticas ao Jornal Pequeno e à TV Difusora.
Em julho, a crise tornou-se incontornável e ocorreu o rumoroso rompimento, que de pronto afetou toda a classe política do Estado. Em primeira mão, o JP saiu com esta manchete na capa, em letras garrafais: BOMBA. Governador do Maranhão rompe o silêncio. Zé Reinaldo diz que herdou índices vergonhosos do governo Roseana. E que a Mirante está criando ambiente para a violência.
No dia seguinte, na edição de 26 de julho, o JP reproduziu na íntegra a histórica entrevista em que Zé Reinaldo detonou o governo Roseana. Por causa dessa briga, o governador Zé Reinaldo, ex-ministro, ex-secretário e vice no governo de Roseana, deixou de ser amigo e aliado de Sarney. Mandou cortar a publicidade oficial da TV Mirante e do jornal O Estado do Maranhão, dirigidos pelo empresário Fernando Sarney.
O rompimento, oriundo dos desentendimentos entre Alexandra e Roseana, teve graves repercussões, a ponto de mudar de imediato o jogo político em todo o Estado.
Em São Luís, nas eleições de 3 de outubro de 2004, o prefeito Tadeu Palácio, apoiado pelo governador Zé Reinaldo, venceu logo no primeiro turno, com 50,20% dos votos válidos. Ricardo Murad (com 7,7%), apoiado pela senadora Roseana Sarney, ficou na terceira colocação, perdendo também para o candidato João Castelo, que obteve 33,59% dos votos válidos.