O Tribunal Arbitral do Esporte (CAS), última instância da justiça desportiva mundial, deu provimento ao recurso de Gabriel Barbosa, o Gabigol, contra a União Federal do Brasil e a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), anulando de forma unânime e definitiva a suspensão de 24 meses que havia sido imposta ao jogador por suposta violação das regras antidoping.

A decisão, divulgada nesta sexta-feira (4) pelo tribunal sediado em Lausanne, na Suíça, não permite novos recursos.
O CAS concluiu que, apesar do comportamento inadequado do atacante durante a realização do exame antidoping, ocorrido em abril de 2023 no CT do Flamengo, tal conduta não pode ser enquadrada como fraude ou adulteração nos termos do Código Mundial Antidopagem.
Em comunicado oficial, o Tribunal destacou que “embora o comportamento de Gabigol tenha sido completamente não cooperativo, ele não pode ser considerado como adulteração de acordo com o Código Mundial Antidopagem e não configura uma violação”.
O CAS ainda fez ressalvas quanto à atuação dos oficiais responsáveis pelo controle, apontando que eles falharam ao não advertir o jogador de maneira eficaz e ao não adotarem uma abordagem mais rigorosa durante o processo.
O episódio que levou à punição aconteceu no dia 8 de abril de 2023, em uma abordagem surpresa no Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo.
Segundo os oficiais da coleta, Gabigol ignorou a equipe antes do treino, foi almoçar após a atividade sem se apresentar para o exame, agiu com desrespeito, pegou o vaso coletor sem autorização, se irritou com a presença de um oficial no banheiro e entregou o frasco aberto, desobedecendo as orientações recebidas.
Mesmo com o exame tendo resultado negativo para substâncias proibidas, o atacante foi acusado com base no artigo 122 do Código Brasileiro Antidopagem, que trata de “fraude ou tentativa de fraude de qualquer parte do processo de controle”.
Gabigol foi notificado oficialmente sobre a acusação em 30 de maio de 2023. Na época, a defesa inicial foi feita por Rodrigo Dunshee, então vice-presidente geral e jurídico do Flamengo.
Posteriormente, o clube contratou o escritório Bichara e Motta Advogados, especializado em direito esportivo, para conduzir a defesa técnica do atleta.
A suspensão de dois anos foi imposta em março de 2024, com validade até o fim de abril do mesmo ano.
No entanto, um efeito suspensivo concedido logo após a sanção permitiu que Gabigol continuasse treinando e entrando em campo, enquanto aguardava o desfecho do recurso no CAS.
Caso a apelação tivesse sido rejeitada, o jogador teria que se afastar imediatamente das atividades no Cruzeiro e cumprir o restante da punição.
Gabriel Barbosa não compareceu pessoalmente ao julgamento na Suíça, mas foi representado por seus advogados.
Ele acompanhou a deliberação do caso no Rio de Janeiro, enquanto a Corte nomeava três árbitros para avaliar o recurso.
Ao fim de seu contrato com o Flamengo, sem acordo para renovação, Gabigol assinou com o Cruzeiro.
Já no novo clube, participou de um jogo-treino contra o Boston City e marcou três gols, mostrando bom desempenho após o período de incertezas.
Após o anúncio da anulação da punição, o atacante comemorou a decisão e se manifestou nas redes sociais afirmando: “Justiça feita, mas a ferida fica”, em referência aos impactos emocionais causados pelo processo.
Além das disputas jurídicas, o nome de Gabigol também foi envolvido recentemente em um caso de estelionato: uma quadrilha do Paraná teria desviado quase R$ 1 milhão do jogador, o que está sendo investigado separadamente pelas autoridades.






