A Polícia Civil de São Paulo indiciou o presidente do Corinthians, Augusto Melo, por furto, lavagem de dinheiro e associação criminosa, no inquérito que investiga supostas irregularidades no contrato de patrocínio com a casa de apostas Vai de Bet.
Além dele, foram indiciados Marcelo Mariano (ex-diretor administrativo), Sérgio Moura (ex-superintendente de marketing) e Alex Cassundé, empresário que intermediou o negócio.
Segundo a investigação, cerca de R$ 1 milhão dos R$ 1,4 milhão pagos pelo clube como comissão foram desviados por meio de empresas de fachada, até chegar à UJ Football Talent Intermediação, apontada como ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
A empresa é vinculada a Danilo Lima de Oliveira, o “Tripa”, suspeito de atuar como operador da facção no futebol, segundo delação do empresário Vinicius Gritzbach, assassinado em 2023.
Relatórios obtidos pela Polícia mostram que a empresa Rede Social Media Design Ltda., de Cassundé, recebeu comissão pela intermediação do contrato com a Vai de Bet, mas não prestou serviço algum. A inclusão de Cassundé, segundo a polícia, foi articulada por Augusto Melo e os demais dirigentes para desviar recursos do clube.
O valor foi distribuído a pelo menos quatro empresas — incluindo a Neoway, considerada fantasma e registrada em nome de uma empregada doméstica — antes de chegar à UJ Football. A Polícia afirma que o Corinthians foi vítima de um complexo esquema de lavagem de dinheiro.
Em nota, a defesa de Augusto Melo afirma que ele “não tem qualquer envolvimento com irregularidades” e que analisará o relatório antes de se manifestar oficialmente. Já o clube afirmou que não tem controle sobre o uso dos valores repassados a terceiros e se considera vítima.
O escândalo resultou na rescisão do contrato com a Vai de Bet, firmado em janeiro de 2024 no valor total de R$ 360 milhões, e agravou a crise política no clube. Augusto Melo enfrenta quatro processos de impeachment, com votação marcada para o dia 26 de maio no Conselho Deliberativo.
A UJ Football nega qualquer vínculo com o crime organizado. Em nota, afirmou que recebeu valores legalmente em outra negociação e que nem a empresa nem seus sócios são formalmente investigados. A defesa de Danilo “Tripa” também nega sua participação nos fatos.
A investigação continua sob responsabilidade do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), que não descarta novos desdobramentos.